Lembranças

Lembranças


Revirando os guardados numa noite amena de outono,
enquanto almas nada tranqüilas e serenas vagam
pelas sombras da obscuridão e escuridão, deparo-me
com um emaranhado de palavras urgentes
justificando o injustificável. Contudo,
libertando-se de um passado agora sem cor,
sem afeto, sem dor ou emoção.

Palavras... Apenas Palavras...
Carregadas de verdade e fragilidade, mas ao mesmo
tempo envoltas pela acidez que permeiam a urgência
em dizer o que se perdeu entre os caminhos da
insensibilidade, incoerência, ingratidão, desafeto e
desonestidade... Apenas justificando o injustificável...

O que haverá de ser o injustificável aos olhos de
quem pensa tudo saber, mas na verdade nada sabe,
sabendo apenas aquilo que lhe convém para fugir da
realidade que lhe assombra, ludibria e lhe trai?

Nem o tempo poderá isso responder. Pois o
emaranhado de palavras perdeu o nexo, a coesão,
a conotação e a entonação que expressaram emoção,
a verdade, a realidade, a ambigüidade e a liberdade.
Palavras urgentes que, de tão urgentes e latentes,
transformaram-se em meras cinzas que se misturam
às sombras da obscuridão e escuridão das almas
nada tranqüilas e serenas que estou cá a observar
nessa noite amena e outonal.

(Lélia-LMSPP)


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