Igualdade Perante Deus

Igualdade Perante Deus


No dia a dia, tem algumas coisas que vejo e
ouço que são um verdadeiro sacrilégio para
quem está a ouvir e ver.

Não sou carola nem tão pouco atéia, apenas
creio no Espírito Santo, na santa Igreja Cristã ,
na comunhão dos santos (que somos todos nós)
na remissão dos pecados, na ressurreição do
corpo e na vida eterna. Baseada em meus
ensinamentos e nas MINHAS crenças é que escreverei.

Quando nasce uma criança com necessidades
especiais, a comoção é generalizada. A forma como
a família irá lidar com a situação dependerá em muito
da forma como os profissionais darão esta notícia.

A princípio, todos os pais sentem culpa pelo filho.
Vêem a situação como um castigo de Deus. Uma
provação para redimir suas culpas e dos outros.
Procuram justificativas injustificáveis. Negam a
situação e demonstram uma raiva incontida.
O desespero toma conta a ponto dos pais terem
que ser medicados com psicotrópicos.
Desejam a própria morte como solução.
Aquela criança, esperada por longos nove meses,
“deveria” ser a personificação das qualidades dos
pais. Aquela que representaria a realização de
todos os sonhos não realizados do pai ou da mãe,
e agora?

A situação é traumática.
A harmonia do casal/família é abalada.
É o que os médicos chamam de enlutamento.
É como se o filho esperado estivesse morto
e tivessem mandado outro no lugar.
A auto-piedade vai se instalando.

São raríssimos os casos em que os pais aceitam ou
vêem a situação como normal no primeiro momento.
Para a maioria, o mundo desaba e sobram só ruínas.
É necessário a interferência de profissionais para
ocorrer à aceitação e saber como lidar com o bebê.

Normalmente, a mãe é a primeira a “aceitar” o
bebê, afinal de contas, ela é a que sente o
maior peso da culpa. Onde foi que errei?

Quem... quem em sã consciência chegará e dirá
para os pais ou família que aquela criança é um
castigo de Deus, um fardo a ser carregado para
o resto da Vida? Seria e é uma blasfêmia. Afinal de
contas, se somos todos iguais perante o Criador,
aquela criança aos olhos de Deus é igual como eu,
tu, vocês, eles. Geneticamente ela é diferente sim,
não há como negar. Precisará de cuidados que nós
supostos normais não precisamos.

Mas a auto-piedade continua. É quando surge
aquela luz no final do túnel onde está escrito:
Tu és abençoada(o) por Deus. Esta é a resposta
que os pais e familiares procuravam..

Com o passar do tempo, os pais e familiares
aprenderão o que podem e o que não podem fazer.
O que deixará a criança irritada, irada, descontrolada
ou, o que a deixará feliz, alegre, calma..
São os pais, amigos e familiares que se adaptam.
Tudo será feito e tentado para que a situação
esteja sempre sob controle. O bebê aprenderá a
responder com carinho a tudo que lhe produzir
satisfação e deleitamento. Agirá agressivamente
a tudo que lhe proporcionar desagrado. E assim,
o ciclo evolutivo da adaptação continuará por
todas as fases, passando pela puberdade,
adolescência, fase adulta..até a morte.

Se,
somos todos iguais perante Deus, sacrilégio é
dizer que pais, mães e familiares de portadores
de necessidades especiais são os Escolhidos de
Deus. É sabido que esta expressão é usada para
explicar o inaceitável. Todos precisamos acreditar
numa força superior para suportar e enfrentar
os fardos da vida.

Se,
os familiares de portadores com necessidades
especiais são os escolhidos por Deus, os iluminados,
os abençoados, os pais e familiares das crianças
sem anomalias genéticas são o quê?

Para mim, todos são iguais, a única diferença é
que os pais e familiares dos especiais tem a
necessidade de sentirem-se abençoados para
poderem redimir uma culpa que não existe.
Para em momento algum se atreverem a esboçar
qualquer sentimento de negação ou desistência.

Cada um tem seus preceitos e conceitos,
esta é a minha opinião, no que eu acredito.
Respeito todas as crenças e religiões, mas não
comungo com a idéia dos abençoados.

(Lélia-LMSPP)


Image and video hosting by TinyPic