Coração Aflito II

Coração Aflito II


Quando se tem filhos que desejam ser atletas profissionais, a primeira coisa a fazer é pedir a opinião de no mínimo três pessoas gabaritadas e idôneas no assunto e, que estejam habituadas a ver o filho jogar, para saber qual a opinião téc- nica deles. Porque, entre querer e poder há uma diferença enorme. Na maioria das vezes é o pai que “quer”, para su- prir frustrações, por inveja, de olho no lado financeiro ou, para se livrar dele em casa.

Antes de chegar aquele fatídico dia de abrir a porta e levar as malas para o carro, rodoviária ou aeroporto, “tem” que haver longas conversas em família. Os pais têm que ter cer- teza absoluta de que o filho estará saindo de casa apenas para tentar realizar um sonho e não para se livrar dos pais, irmãos e achar que poderá levar a vida como o diabo gosta..

Os filhos têm que saber, sentir e ver que, mesmo longe de casa, não importa a distância, sempre há e haverá alguém de olho neles.

Os filhos têm que ter ciência de que, para comprar seu car- ro, casa, sustentar uma família, viajar, etc.. com o dinheiro de atleta, é preciso muita dedicação, seriedade, treinamen- to e evolução constante e, o primordial, ter “sempre” o bas- quete como primeira opção. Quem quer ser atleta de alto rendimento jamais pode colocar namorada, balada, festas e afins em primeiro plano. O resultado negativo aparece nas
quadras.

É obrigação dos pais reconhecerem o estado psicológico dos filhos pela voz. Eis a razão da necessidade em falar com eles constantemente, estejam onde estiverem. Quando estão de baixo astral, nada de ficar com peninha ou tratar como um bebê de colo. Deixe ele falar e contar tudo que ti- ver vontade, esqueça o valor da conta que virá no final do mês. Isto fará com que ele se sinta seguro, amparado e pro- tegido. Na hora de responder-lhe, diga palavras que irão elevar a estima e chama-lo para a razão ,se for para falar coisas que o deixem ainda mais desolado, é melhor ficar calado(a).

Quando bater aquela saudade, ao invés de chorar e se des- cabelar, lembre-se que os filhos foram feitos para o mundo, orgulhe-se e muito por cada passo que ele esteja conse- guindo dar sozinho. Visualize-o mentalmente, confie e acredite que um dia ele será notícia de capa do USA Today, que ficará entre os 20 melhores da sua categoria no país do basquete, que estará na mira de alguns dos melhores times da NCAA, que uma entrevista dele publicada num site de basquete será a mais acessada..

Quando o filho é convocado para seleção, não se iluda achando que ele estará lá “apenas” porque é um dos me- lhor ou, se desesperar quando ele não for convocado ou cortado, achando que ele não é capacitado, porque, nos bastidores do mundo esportivo há mais interesses obscuros do que a razão e o bom senso querem e podem explicar.

Para finalizar:

Vire uma fera, mostre as garras e os dentes quando o pro- metido não é cumprido ou negligenciado por clubes, técni- cos ou agentes.

Lembre-se a cada instante que não devemos depositar nos- sos anseios, medos e frustrações na vida dos filhos. Deve- mos sim, apoiar, incentivar, orientar, dar uns trancos quando necessário, puxar o tapete vez ou outra para não viajarem na piração. Pais inseguros e de opinião conflitante não conseguem passar para os filhos a segurança que eles necessitam.

(Lélia-LMSPP)

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