
Perturbadora Ausência
É o que ocorre com quem se foi e abominamos,
mas fizemos questão de não esquecer porque,
ao mesmo tempo em que ele(a) assombra
também fascina, pois o(a) ausente reflete nossa
própria referência e confunde qualquer inteligibilidade.
Ausência perturbadora porque o(a) ausente
faz os fantasmas reprimidos aflorarem,
funde o prazer com a mediocridade.
A necessidade em não esquecer do(a) ausente
representa o desejo reprimido do que nos falta.
É a irredutível incapacidade de querer, mas não
poder ocupar o espaço deixado pelo(a) ausente,
pois ele(a) continua lá, entre o passado
o presente e o futuro.
Relembrar e tecer comentários sobre o(a) ausente
é viver na eterna expectativa de que ele(a) voltará.
É cobrir-se com o véu da ilusão e
afogar-se em devaneios,
é esconder-se entre a imbecilidade e as frustrações
acumuladas durante a vida.
(Lélia-LMSPP)


