Dissidentes

Dissidentes


Uma das coisas que sempre me fascinou e continua
a fascinar são as ditas facções, grupos, panelas ou,
dissidentes (seja qual for o nome) do mundo virtual.

Indiferentemente do espaço que esteja sendo
usado por essas facções, até determinado ponto da
convivência há uma certa tolerância, há uma sintonia
forçada, cada qual quer deixar evidente suas
potencialidades, conhecimentos e afins. Sondagens e
especulações rolam livres, leves e soltas, cada qual
tentando conseguir o maior número de informações
sobre cada um dos viventes que está interagindo.

Quando termina a fase das especulações, ocorre um
breve interlúdio. Reina a mais absoluta paz, união
e harmonia. O que na verdade, nada mais é que a
parte enfadonha do convívio, é o ciclo da falsidade.
Ninguém quer contrariar ninguém. Ninguém quer
ser do contra. Todos remam de acordo com o embalo
da maré. Ninguém ousa pensar diferente para não
quebrar a tal harmonia contagiante. A unanimidade
chega a ser patética e nauseante ante a falta de
opinião e vontade própria.

Unanimidade é utopia, então, eis que chega à hora
em que, começa a trincar a tão ovacionada harmonia.
Chega um certo ponto em que, o subconsciente se
rebela, põem um ponto final nessa farsa. Ninguém
consegue viver em constante engodo, fingindo ser
o que não é e o que não quer ser. É nessa fase que
começa a verdadeira guerra de vaidades, a luta pelo
domínio, imposição e ocupação do espaço. Onde
antes havia uma sólida coletividade, agora há ínfimos
grupelhos, formados de acordo com as informações
obtidas lá na fase das sondagens e especulações.

Grupos formados, guerra velada declarada.
Chegou à hora de colocar para correr quem não
rezar da mesma cartilha da facção que tiver o apoio
e proteção do comando geral. Essa é a fase mais
perigosa do racha. É um tal de leva e trás, com
distorção de informações, mentiras plantadas e
regadas com TNT. É a fase onde a inveja e cobiça
dos que se sentem protegidos pela retaguarda,
não medem esforços nem munição para aniquilar
o grupo dissidente. Os intrusos que vieram para
roubar-lhes o cetro e a patente de subcomandante.

Essa é a fase mais fascinante. Se, olharmos
profundamente no monitor a nossa frente, será
possível ver as faíscas da prepotência pipocando
e explodindo por todos os lados. Nessa fase, as
caras lavadas começam a maquiar-se. A suave e
harmoniosa brisa de repente vira um denso e
traiçoeiro nevoeiro. Carregado de desconfiança,
incredulidade, receios, falsidade, incompreensão,
ciúmes, mentiras, trapaças, artimanhas, ofensas,
calúnias, maldades e hipocrisia.
Em meio a esse denso nevoeiro, os invejosos,
arrogantes e prepotentes não apenas desejarão
a desgraça, eles a provocarão sempre que o
puderem fazer impunemente.

O tempo que levará até o circulo se fechar e a
facção vencedora impor sua supremacia, dependerá
do jogo de interesses que está camuflada por detrás
de cada entrave, cada aniquilação e debandada.
Dependerá ainda, da quantidade de ressuscitados
transfigurados que surgirão das cinzas. Cinzas essas,
remanescentes de batalhas outrora travadas.

(Lélia-LMSPP)

Image and video hosting by TinyPic