Pêlos

Pêlos
(José Cláudio Machado)


Recrutando a potrada
corro as varas da mangueira.
No bate patas do campo,
só ficam vultos e poeira!
São gritos de vamo-cavalo
toca-toca, êra-êra...

Entre potros que amansei,
que sentei meu lombilho,
foram baios e ruanos,
sebrunos e douradilhos.
Já quebrei muitos tubianos,
alazão, preto e tordilho,
de vinagre até um negro,
todos os pêlos eu encilho.
Gateados e lobunos,
zainos também domei,
um rosilho prateado em
malacaras andei.

Arrucinei um bragado,
um oveiro negro, um rosado.
Um chitão, um branco ou melado.
E um picaço pata branca,
que por sinal desconfiado,
Especial baio-gateado,
que nunca deixou-me a pé.
Um tostado bico branco,
tropiei muito pangaré.
Um colorado cabano,
um azulego mui feio,
que às vezes em volta do rancho
deixava mascando o freio.
Só me falta o potro mouro
que é pra sentar meus arreios.


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