Não Quero

Não Quero


Muitas são as coisas que queremos, desejamos e,
corremos atrás para torná-las em realidade.
O que não queremos, na maioria das vezes passa
tão despercebido que, quando nos damos conta,
às vezes é tarde demais, pois nosso tempo esgotou.

O tempo é cruel e galopante. Não há como retroceder
ou, querer recuperar e readaptar o tempo passado.
Por isso, para viver intensamente a vida que ainda
resta-me, aproveitando cada sopro de luz e força,
de uma maneira inteligente e altiva, NÃO QUERO:

Não quero ver a vida se esvaindo futilmente,
ficando horas petrificada diante de uma TV,
olhando programas de entretenimento que, não
agregam nada de útil, culturalmente são nota zero.

Não quero passar meus dias falando de doenças,
de tragédias, de comoções que viram banalizações.
Fazendo isso, estarei alimentando a aura negra
que paira sobre todos, esperando apenas a
oportunidade certa para apoderar-se de nós.

Não quero ser uma mãe que se acovarda diante
dos filhos, com medo de magoá-los ou, ser dura
demais nas atitudes a serem tomadas. Para
transmitir carinho, amor, proteção, confiança,
cumplicidade e compreensão, não é preciso, nem
prudente, querer mostrar-lhes apenas um mundo
florido, cheio de sins, onde não existem os “não”.

Não quero envelhecer lamentando o que deixei
de fazer, choramingando as lutas perdidas,
apegando-me a ilusões e, querendo controlar
a vida alheia de forma patética e doentia.

Não quero passar meus dias me afogando num
copo de cerveja ou destilado, como se este, fosse
o caminho mais fácil para enfrentar os problemas.

Não quero ter que ir a igreja apenas para marcar
presença, saber cada roupa e sapatos dos fiéis,
para saber das fofocas da cidade, mas não prestar
atenção numa única palavra da pregação.

Não quero ser uma velha chata e rabugenta,
que reclama de tudo e de todos, sem levantar
o traseiro do sofá, achando que o mundo tem
obrigação de me aturar, bajular e sustentar.

Se, chegar a ser avó, não quero ser uma “oma”
que faça dos netos sua ÚNICA razão de viver.

Simplesmente, não quero levar uma vida fútil e
inútil. Sustentada pelas aparências, necessidade
de ostentar status, poder e domínio.
Simplesmente, não quero fazer distinção entre
as pessoas que usam roupas puídas ou,
a mais pura e cara das sedas indianas.
Simplesmente, não quero compactuar com
alpinistas sociais, que pisam com nojo no tapete
que um dia lhes serviu de cama e aconchego.
Simplesmente, não quero ser conivente com
os títeres, que andam com o viegas na mão,
com medo da rejeição e pavor da solidão

(Lélia-LMSPP)

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